quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

3 cópias autenticadas (um cover, um single, um clipe)

O Alex copia o Julian. O Panic (agora sem o !) At the Disco copia seus pais. A Kyle copia ela mesma. Mesmo assim, podemos encontrar nos três, em quantidades variadas, alguma autenticidade.

Alex Turner fez ao vivo uma versão de "Reptilia", dos Strokes, acompanhado por músicos de uma banda amiga, Lightspeed Champion. Ele teve a manha de tocar uma faixa da banda na qual os Arctic Monkeys mais se "inspiraram" e mesmo assim não perder nada do seu estilo "estou contando uns casos aí sobre a vida" de cantar.



O Panic At The Disco está pagando de ex-emo. "Nine in the afternoon", primeiro single do seu próximo disco, Welcome To The Sound of Pretty Odd, prova que é verdade o papo de que eles estão se inspirando nos sons dos anos 60. A música é agradável até. Mas é um pouco como o Skank: após vender até o último fio de cabelo ao diabo (no caso brasileiro, apelar para letras sobre mulher, futebol e cerveja; no norte-americano, colocar franja e maquiagem no rosto no auge da febre emo), eles recorrem à época mais sagrada da música pop para se fazerem de santos.

Dá pra ouvir "Nine in the afternoon" aqui.

Kylie Minogue não tem muito o que provar a ninguém no décimo disco de sua carreira, X. Já chegou ao ponto em que, mudando uma coisinha ou outra para não se imitar muito descaradamente, tá beleza. Ela faz isso direitinho no clipe de "Wow", boa demonstração de como ser brega com elegância.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

"Escritor. Especialidade: Modelos" ou "A Quase Não-Matéria"

A reportagem de capa deste mês da Rolling Stone brasileira, com a modelo Alessandra Ambrósio, tinha tudo para ser um fiasco, mas é uma das melhores surpresas que tive com um texto nesses dias. Não entendi a aposta em uma aspirante a Gisele, ainda mais depois da fraca matéria com a própria Gisele na edição número 1, de outubro de 2006. A salvação, além das fotos de Alessandra, que é realmente bonita, foi a escolha do autor da reportagem, o escritor gaúcho Daniel Galera.

Galera está se tornando um especialista em modelos, profissão pela qual já passaram a personagem de seu livro mais conhecido, a Marcela de "Até o dia em que o cão morreu", e também sua namorada, Tainá Müller, intérprete de Marcela na adaptação do livro para o cinema, Cão Sem Dono.

A ansiedade dele em revelar as "angústias da vida de celebridade" e as respostas frias da modelo chegam a ser engraçadas. Quando você acha que está lendo uma matéria sobre a impossiblidade de fazer a própria matéria, como foi a da Giselle, o especialista no tema consegue virar o jogo. Contar mais estraga a graça da leitura, mas fica a sugestão. No site da revista dá pra ler uma parte.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Last.fm inverte o jabá

A Last.fm fez dois anúncios bacanas nessa semana. O primeiro é que agora o ouvinte pode acessar sob demanda a um catálogo de músicas que inclui artistas das quatro maiores majors (Universal Music Group, Sony/BMG, Warner e EMI) e mais 150 mil pequenas gravadoras.

A segunda notícia, ótima para as bandas independentes, é que elas vão ser remuneradas a cada vez que um usuário ouvir uma de suas músicas dentro da Last.fm. O esquema é parecido com o download remunerado do Tramavirtual, que já rendeu um dinheirinho para bandas como Dance Of Days, Fresno, Superguidis e Rock Rocket.

Infelizmente, o serviço está em vigor apenas nos Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha, mas a empresa, que desde o ano passado pertence ao grupo de mídia CBS, planeja lançar globalmente o serviço sob demanda gratuito nos próximos meses.

Se isso já estivesse valendo por aqui nessa semana, por exemplo, eu teria dado alguns centavos para os Superguidis e o Diego Medina.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Animais peludos a la carte

Essa foi a sacada de internet mais esperta desde o quer-pagar-quanto do Radiohead: os galeses malucos do Super Furry Animals estão fazendo uma turnê pelos EUA para divulgar o disco Hey Venus!, e decidiram deixar para o público escolher o set-list dos shows. Criaram até esse widget aqui para facilitar o processo.

Tipo, mesmo sem a mínima chance de ir nesses shows, fiquei muito triste por "Oi Frango" não estar na lista de opções.

Isso tudo foi uma coisa muito mais bem-pensada do que alguém pode imaginar vendo umas fotos da banda tipo essa aqui:

4, 3, 2, 1...

The Reminder, primeiro disco da cantora canadense Feist é bem morno, mas tem alguns momentos felizes, daqueles que fazem acender fogos de artifício dentro de você. Um deles é "I Feel It All", música que ela escolheu para seu novo clipe, lançado nessa semana. O vídeo é quase tão bom quanto "1234", um dos clipes mais bacanas do ano passado. Só que agora, em vez de dançarinos coloridos, ela dança no meio de foguetes. Melhor que Copacabana.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

A desbaykingzação do indie rock de BH

No início dessa década, indie rock em Belo Horizonte era sinônimo de um punhado de bandas que cantavam em inglês, usavam cachecol e conheciam bandas lo-fi do leste europeu. Hoje, a cena independente da cidade é bem diferente - por exemplo, entre os grupos mais legais, um dos únicos que canta em inglês (Dead Lover´s Twisted Heart) faz isso mais buscando algo simples do que por pedantismo.

O fato de as primeiras semanas de 2008 já terem boas novidades mostra como a as coisas estão mais sortidas e movimentadas.

O U.D.R., após o lançamento na internet do EP O Shape do Punk do Cão, no final de 2007, voltou de uma viagem a Recife com uma música nova, "Tabacudo", em parceria com a banda pernambucana Fiddy. A faixa, meio funk/meio hip-hop, foi gravada após “uma garrafa de pitu e barebacking nervoso com um lagostim”, segundo eles. O Mp3 e o clipe podem ser conferidos no blog do U.D.R. no Myspace.

U.D.R.

Já o Tênis passou por uma mudança que ilustra bem esta tal nova cena. A banda era um projeto de Juliano Rosa, ex-guitarrista do finado Multisofá. Eles chegaram a lançar um disco, em 2004, pelo selo independente Bay King Music, com faixas em inglês e algumas vinhetas. Em 2007, começaram a fazer shows com uma nova formação e músicas em português. Agora colocaram na internet um EP com quatro canções.

Tênis

O resultado é bem bonito (pode entrar na linha dos produtos da “geração guitar” resolvendo ser acessível, que tem como exemplos desde o Astromato até o Terminal Guadalupe). Além das guitarras de primeira, as letras também são bacanas. “Queda Livre”, que parece narrar um acerto de contas entre uma mãe e um filho, é a melhor delas. Uma pena é a voz grave e desafinada de Juliano, que longe do mergulho em delays e reverbs de sua antiga banda cai como uma pedra na delicadeza dos arranjos.

***

O Trabalho Sujo publicou ontem um ótimo texto sobre como o pop brasileiro está fugindo de sua responsabilidade. O de BH, felizmente, parece que está fazendo o caminho contrário.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Superguidis ao vivo no Humaitá Pra Peixe

(Foto: Divulgação / Bernardo Mortimer)

Cabelos grandes e crespos escondem o rosto; o tronco está encurvado para baixo; a guitarra pendurada no pescoço; os movimentos meio cambaleantes pelo palco acompanham o ritmo básico da música. O guitarrista Lucas Pocamancha dança na beira da na vala comum de um pós-grunge tardio e ordinário.

O que faz os Superguidis merecerem a boa estrutura do teatro, o som bem equalizado, o clima receptivo e a torcida do público por um futuro ainda melhor é muito mais do que essa impressão inicial pode indicar.

Durante cerca de quarenta minutos, eles tocam músicas dos seus dois discos, lançados pelo selo Senhor F, mais a inédita "Se não fosse o bom humor". Fazem ainda pequenas citações a "21st century digital boy", do Bad Religion e "Divine Hammer", dos Breeders.

Os anos 90 são claramente a maior fonte de referência para eles. Dave Grohl não marca presença apenas no chiclete que o vocalista Andrio masca entre um verso e outro. O cuidado em estruturar quantidades fartas de melodia junto a uma distorção que sai quase espontaneamente dos amplificadores é a interseção entre as simpáticas bandas de Seattle e de Guiaíba.

Personificar de maneira sensível imagens e palavras dos jovens comuns é justamente o que faz dos Superguidis uma banda incomum. "Dentro dos arquivos eu corto os meus dedos", canta Andrio em "Mais um dia de cão", deixando nas entrelinhas sua falta de habilidade no primeiro emprego e talento no segundo.

Enquanto ele afina sua guitarra, Lucas começa um papo desajeitado sobre como seu tênis furado se encheu de naquela tarde na praia. Falas espontâneas e uma trilha extraordinariamente comum fazem com que os cabelos grandes, o tronco encurvado, a guitarra pendurada e os movimentos cambaleantes passem uma mensagem diferente: distraídos venceremos.

Esse texto foi publicado também no Pílula Pop. Passa lá.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Os Homens do Diamante Hoo Ha


O Supergrass pirou. Não que eles fossem muito normais mas, sério, olha só: Gaz Coombies e Danny Goffey agora atendem pelos nomes Duke Diamond e Randy Hoo Ha, e fazem shows como os Diamond Hoo Ha Men. Este é o nome do primeiro single da banda, que já tinha vazado há algumas semanas e foi lançado nessa quarta-feira, na Inglaterra, em uma edição especial em vinil. O clipe, que está aí embaixo, saiu ontem.

A verdadeira explicação para o fato do Supergrass ter virado um duo é tão surreal quanto a história da banda imaginária. Em setembro passado, o baixista Mick Quinn acordou à noite para beber água e se esqueceu que seu quarto ficava no andar de cima da casa - atravessou a janela pensando que fosse uma porta e machucou feio. Enquanto um se recuperava, os dois viajaram para Berlin lá tiveram a idéia brilhante dos Diamond Hoo Ha Man.

A música é fodona, da turma de "Richard III", diferente do clima mais pra baixo do Road to Rouen. Só que agora eles exageraram na vontade de ser hard rock e usam mangas compridas com franjas de caubói (repare bem no clipe). É tipo quero-que-meu-retorno-bombe-mais-que-o-do-Led-Zeppelin.

No myspace.com/diamondhoohamen, onde a música já esteve disponível para download, dá pra ouvir duas outras faixas: "345", lado b do single, e "Bad Blood Clip", que vai estar no álbum, previsto para ser lançado em março.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Gere-me por favor


Foi publicada ontem no Pílula Pop uma entrevista que eu fiz com o coletivo Fórceps, de Sabará-MG. O Fórceps é formado por três caras, incluindo o Marcelo Santiago, do Meiodesligado. A onda deles é a produção cultural independente, inspirados no Espaço Cubo, de Cuiabá. O discurso é pé-no-chão e sonhador ao mesmo tempo. Além dos projetos do coletivo, gostei do fato de que, na entrevista, muitas vezes não dá pra separar o espírito do-it-yourself desbravador do espírito irônico-piadista (isso é punk rock, oras).

Marcelo: "A minha intenção era fazer o Grito Rock na garagem da minha casa, sério. As bandas na garagem e o público na rua, interditando o trânsito. Algo como uma intervenção urbana que fizesse do festival um ato político de inconformismo. O problema é que há uma delegacia em frente à casa, mas esse continua sendo o plano B."

Confira a entrevista completa.

Em tempo: o Fórceps anunciou nessa semana a programação do Grito Rock de Sabará.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

London in rainbows

O Radiohead fez um show em Londres hoje à noite, anunciado de última hora e transmitido no radiohead.tv. Infelizmente, perdi a transmissão ao vivo. Eles devem colocar lá no perfil oficial no Youtube, como fizeram com o Scotch Mist. mas, enquanto isso, um anjo desconhecido colocou o show inteirinho lá.

O lugar era realmente pequeno, e os sortudos desgraçados ficavam a poucos centímetros da banda. A filmagem é bem bacana, com Thom Yorke quase escondido pelas luzes coloridas do fundo. O show teve 15 músicas - as dez do In Rainbows, na ordem, e outras cinco antigas, fechando com "The Bends" e "My iron lung", do segundo disco, The Bends.

Eis o setlist:

15 Step
Bodysnatchers
Nude
Weird Fishes/Arpeggi
All I Need
Faust Arp
Reckoner
House Of Cards
Jigsaw Falling Into Place
Videotape
Up On The Ladder
You And Whose Army
National Anthem
My Iron Lung
The Bends

Alta Fidelidade n'Uma Longa Queda

O Mp3 está destruíndo a música pop. Parece uma frase completamente nonsense ou completamente de um tiozão conservador. Mas os argumentos desse ótimo artigo da Rolling Stone dos EUA que achei hoje através do blog Conector, são realmente perturbadores. Eles chamam a história de "Guerra do Volume". Basicamente, os engenheiros de som estão masterizando as músicas num volume tão absurdamente alto do início ao fim, para que elas consigam bombar mesmo em uma caixinha de fuleira de computador ou num fone de ouvido de Ipod, que tudo está virando uma massaroca em que os detalhes se perdem. A comparação de "Smells Like Teen Spirit", do Nirvana, com "I Bet You Look Good on the Dancefloor", dos Arctic Monkeys, é emblemática. O videozinho aqui também explica bem a história, com uma música do Paul McCartney de 1989. Vê só.

sábado, 12 de janeiro de 2008

OrtList

O Marcelo Costa organinzou a tradicional lista de melhores do ano do Scream & Yell. Os vencedores na categoria discos foram o Radiohead e o Vanguart. Lá no site dá pra ver os outros vencedores e os votos de todo mundo. Os meus, para discos, foram esses aí embaixo.

Melhor Disco Nacional:
Pato Fu - Daqui pro Futuro
Vanguart - Vanguart
Lasciva Lula - Sublime Mundo Crânio
Superguidis - A Amarga Sinfonia do Superstar
Cachorro Grande - Todos os Tempos


Melhor Disco Internacional:
Radiohead - In Rainbows
Kings of Leon - Because of the Times
LCD Soundsystem - Sound of Silver
Arctic Monkeys - Favourite Worst Nigthmare
MIA - Kala